segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

A melodia perdida

Tinha uma música que só eu, no universo inteiro, sabia tocar.
E agora eu não sei mais.
Se perdeu para sempre.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Tentar

Tentar, cara.
Pelo menos tentar.
Tem que, pelo menos, tentar.
Se conseguir, ok.
Se não, ok também.
Só não pode é deixar de tentar.
Tem que tentar.

Não sei se essa coisa tem um fim.
Parece que a gente fica saindo e depois cai de volta.
Mas, agora eu tô saindo, pelo menos temporariamente.
Quem sabe, permanentemente.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Documentação

Eu documentei aqui a minha morte.
Não foi hoje, nem ontem.
Provavelmente não vai ser amanhã, nem depois.
Até pode ser, mas é pouco provável.
Mas eu já estou morto.
E aqui ela está bem documentada.

Árvore de natal

Resolver o problema.
Eu sou o problema.
Ele tenta e tenta.
Ele tenta o dia inteiro.

Ele corre atrás da própria sombra até o sol se por.
Então ele dorme.
Quando acorda, ele corre atrás da própria sombra até o sol se por.
Então ele dorme.

É, a gente...
É, a gente fez errado...

Um apito distante.
Tudo branco.
Tudo preto.
Tudo azul escuro.
Dano e erro.
Vandalismo.

Um apito intermitente e distante.
Queima a memória.
Acabou, acabou.
A memória corrompeu, então acabou.

A colisão foi grave e deletou o cérebro.
O cérebro foi deletado.
O cérebro.
O cérebro foi destruído.

A arvore de natal caiu em cima do cérebro.
Tinha um cara.
O médico tava fazendo cirurgia no cérebro dele.
Tinha uma árvore de natal na sala de cirurgia.
E a árvore caiu.
A arvore de natal caiu em cima do cérebro.
Por isso eu sou assim.
Eu morri.

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Congelado

Calma.
Você não precisa se matar para fugir de quem você é.
Você pode ir morrendo.
Ir morrendo.
Ir fedendo.
Ir fedendo.
Ainda há o bom.
O quê?
Ainda há o bom.
Você pode ir fedendo.

Aí você junta um dinheiro fedendo.
Viaja pra algum lugar fedorento.
Onde as pessoas são todas fedorentas.
Você chega lá fedendo.
E arruma um emprego onde seja livre feder.
Antes de morrer.
Antes de se matar.
Você vai e fede.
Um lugar frio e que fede bastante.
E você pode viver lá.
Com as pessoas.
Não com os computadores.
Não com os celulares.
Com as pessoas.
Abrace as pessoas.
Não os computadores.
Não os celulares.
As pessoas.

E viva lá, fedendo.

Você pode fazer isso, antes de se matar.
É só ir morrendo.
É só ir fedendo.
Vamos lá, a gente aguenta.
Só mais um pouquinho.
É só ir fedendo.
É só ir morrendo.
Vamos, vamos, força.
A gente aguenta.
Já tá acabando.

sábado, 7 de janeiro de 2017

chapéu chapel xapel papel

Eu sou burro!
Muito, muito burro!
Se eu disputasse um campeonato de inteligência com uma porta, metade dos espectadores iria ir embora antes do fim, e a outra metade ia dormir no meio das provas, pois ficaria bem claro que aquilo não seria uma competição, mas sim um massacre.
E não é a deprê falando.
Sou eu mesmo.
Tenho plena consciência disso.
Eu nem sei como eu cheguei tão longe na vida.
Eu sou um inútil!
Como eu consigo sequer programar (ainda que de forma meio porca, mas fazendo as coisas funcionarem)?

Fato é que eu tenho uma capacidade admirável de me adaptar, talvez por isso tenha chegado até aqui.
Fato também é que, esta capacidade não é admirável apenas de uma boa maneira.
Uma pessoa normal, quando não está confortável, muda o seu redor, não simplesmente se adapta a ele.
Uma pessoa normal não apenas cava um buraco no chão e se esconde lá até que a vida exploda todo o terreno e ela seja arremessada para bem longe onde caia em outro lugar e então cave outro buraco e assim a vida vai sendo vivida da forma mais idiota, travada e limitada possível... (ufa, que frase longa).
Uma pessoa normal procura um tempero quando a comida está sem graça...

Por mais que, talvez, tudo acabe se acabando pra mim, se eu não conseguir sobreviver..
Eu quero melhorar isso.
Talvez exista um pouco de esperança afinal.

No meio de uma das minhas crises, tive a ideia de caçar estímulos para o cérebro.
Afinal, pelo menos pra isso, talvez um novo celular sirva para alguma coisa.
Eu percebi que estava exercitando aceitavelmente meu corpo, mas minha mente estava congelada há tanto, tanto tempo...
Talvez desde o quarto período da faculdade, ou talvez antes.
Talvez desde que a deprê começou.. (uns 5, 6, 7 ou 8 anos atrás? ou mais?)
Não tenho força ou condições ainda para entrar numa terapia (sei que isso é idiotice minha, mas nem vou discutir), mas talvez haja algo que eu possa fazer.

Enfim, eu ainda me sinto muito fezes errantes.
Mas, estou me animando um pouco.
Voltei para a academia.
Curti bastante minhas férias (Não fiz 1% do que eu queria, mas fiz muita coisa legal, basicamente apenas andar de bike, mas ainda assim foi muito legal).
Vamos ver se consigo colocar alguma coisa em ordem.
Ou se meu chapéu vai virar papel.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Água do vaso

Sim, pode ser que eu tenha só bebido água do vaso de novo.
Mas, quer saber?
Fezes!
Sim, fezes!
2017 é o ano definitivo das fezes voadoras no pâncreas, seja lá o que isso significa!
Isso pode ser absurdamente bom, ou abissalmente ruim, não importa!

Enfim, 2017 começou muito bem.
Saí com minha mãe de bike, e foi ótimo!
Comprei outro celular.
Pois é, eu sei, quem precisa dessas merdas de celulares?
Mas, já estamos em uma distopia, eu posso chorar e beber urina até a morte, ou aceitar as fezes voadoras e me adaptar ao distópico e repugnante sistema, vivendo a medíocre porém única opção atualmente alcançável pra mim.
Temos um tempo limitado, e eu tenho a habilidade especial de deixar tudo tão cagariotativo que seria melhor que ele fosse mais limitado.
Estou tentando mudar isso, eu acho.
Não, não tenho certeza, e nem sei se minha suposta "tentativa" é válida.
Mas, é isso aí.
Fezes!