- Quer um baseado?
- O que?
- Quer um baseado?
- Não, valeu..
O homem sem cabeça caminha e caminha até chegar no muro de tijolos.
Os tijolos são falsos, é claro, mas ele releva isto.
O homem sem cabeça escora no muro de tijolos falsos e descansa.
O homem sem cabeça enxerga, ao lado do carro falso, flores falsas muito bonitas.
As flores são falsas, é claro, mas ele releva isto.
São muitas flores, e muito bonitas.
O homem sem cabeça quer tirar uma foto das flores falsas.
O carro falso pode aparecer também, não tem problema.
Os prédios falsos também vão aparecer, mas tudo bem, eles fazem parte da paisagem.
O homem sem cabeça quer muito tirar esta foto.
O carro é falso, é claro, mas ele releva isto.
Os prédios são falsos, é claro, mas ele releva isto.
O homem sem cabeça olha na bolsa falsa procurando sua câmera fotográfica falsa.
A bolsa é falsa, é claro, mas ele releva isto.
A câmera é falsa, é claro, mas ele releva isto.
O homem sem cabeça procura, procura mas não encontra.
O homem sem cabeça se lembra que deixou sua câmera falsa em sua casa falsa.
A casa é falsa, é claro, mas ele releva isto.
Tudo bem. O homem sem cabeça continua seu caminho.
No dia seguinte o homem sem cabeça lembrou da câmera falsa.
O homem sem cabeça chegou ao mesmo lugar, escorou no mesmo muro de tijolos falsos.
Pegou sua câmera fotográfica falsa dentro da bolsa falsa.
Mas quando ia tirar a foto, percebeu.
O carro não está mais lá, as flores não estão mais lá, os prédios não estão mais lá.
Tudo se foi.
O homem sem cabeça ficou tão triste, que não conseguiu terminar de me contar esta estória.