O zumbi que caminha pelo planeta deserto relembra suas velhas histórias com melancolia.
O sol sem luz visível, ultra quente, constante, incessante.
A estiagem, a umidade quase nula, a atmosfera ultra rarefeita.
A solidão, o desespero, o medo, a vontade, a frustração.
A gravidade elevada, a areia cortante voando em alta velocidade, os ventos quentes e ácidos.
O telefone toca. Ele se levanta da cadeira e corre para atender. Abre-se um buraco no meio do corredor onde ele cai eternamente. Ele jamais atendeu a ligação. Mas não importa, não era para ele. Ele caiu no deserto.
- Há algo de errado com seus olhos. Não consigo sentir a sua luz interior. Na verdade, parece até que os seus olhos são portais para o inexistente. Seus olhos sugam o que há ao redor sem transmitir qualquer tipo de energia.
O zumbi já não sabe mais quem ele é.
Aparentemente, isto já foi escrito em algum lugar, mas esta é a vida do zumbi: Um eterno loop, um paradoxo temporal não resolvido e não resolvível, um beco sem saída, um cão de três cabeças, uma trilogia de apenas dois capítulos, uma instância do abandono, uma chamada perdida, um teto sem chão, um eterno loop.
O zumbi mal consegue abrir os olhos. A tempestade de areia está excepcionalmente forte hoje.
Ele se senta no chão de areia fina do deserto e tenta escrever alguma coisa. Não dá muito certo. Ele acaba caindo no chão e dorme por ali mesmo.
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