quarta-feira, 26 de maio de 2010

Inseto..

E tava lá.. o mesmo cara de sempre, com a mesma cara de sempre, sentado no lugar de sempre, com a mesma luz que fica acendendo e apagando a cada 5 minutos, o vento gelado e o pensamento de sempre. Ele vê uma barata vindo em sua direção, se levanta, a barata para, ele ergue o pé e o desce lentamente percebendo que a barata não sai de onde está, ele então pisa suavemente ouvindo um som estalado ao mesmo tempo em que a luz se apaga. Ele então ergue o pé novamente e vê a pequena massa esmagada do que antes era uma vida. Nojo? não, ele não sentiu isso.. Na verdade, ele sentiu inveja, se fosse tão fácil acabar com tudo quanto foi fazer isso com aquele inseto..
O cara volta a se sentar, olha pra lua e diz "Por favor.. me dê um sinal.." bem baixo para que ninguém ouvisse, mas ele poderia gritar se quisesse, a única pessoa que poderia dar o sinal estava a quilômetros de distância, e se essa pessoa estivesse lá, ele nem conseguiria pensar em pedir o sinal pelo mínimo risco de ouvir o que queria ouvir. Ao seu pedido a luz acende. "Que ótimo sinal. Eu não pedi um que eu entendesse né, fazer o que". E assim ele continua lá. Talvez esperando que alguém pisasse nele, quando lhe vem aquele pensamento de novo. A luz apaga. Uma breve e carregada lágrima avisa que está por vir, mas ele a impede e se levanta..
Tudo o que ele queria era sair andando, para lugar nem um, para nunca mais voltar. Mas não pode.. ele então senta novamente e espera, na esperança de algum dia chegar ao fim do seu grande nada.

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