quarta-feira, 31 de outubro de 2012

A faca

Era um dia de tempo agradável. Ela caminhava pela estrada sozinha. Há um certo tempo podia ver um ser de aparência horrível, uma criatura que ela havia encontrado no caminho. No início ela até achava engraçado. Tudo parecia sob controle. Aquela criatura era estranha e bizarra mas nem parecia tão má. "Logo aquilo me perderá de vista". Ela até chegou a andar um pouco mais devagar, se aproximou, examinou. Não gostou do que viu, porém não havia com o que se preocupar. "Sou mais rápida do que aquilo. Vamos ver o que ele pode fazer".
Logo começou a anoitecer e a lua cheia surgia linda no horizonte. A criatura ainda estava seguindo. "Andei por tanto tempo mas ele ainda está ali". As nuvens começavam a bloquear a lua e a estrada então ficava escura e deserta. Apenas restaram ela, caminhando com pressa, e aquela criatura, que agora só era visível pelos olhos amarelos brilhantes bizarros e ameaçadores. Ela agora corre. Olha para trás, a criatura está lá. Corre mais rápido. Olha para trás e a criatura está mais perto. Com o fôlego já apertado, corre o mais rápido que pode até não aguentar mais. Precisa parar e escorar em um poste para respirar. Se vira para trás procurando apavorada, não vê nada. "Onde ele está? será que foi embora?". Ela então sente algo tocando seu ombro. Desesperada, sem sequer olhar, saca sua faca e a enterra muito profundamente no olho direito da criatura que imediatamente cai no chão sem ao menos se contorcer.


No dia seguinte ela acorda assustada. "Aquilo foi um sonho?" Horas mais tarde, segue caminhando como se nada tivesse acontecido. Ninguém tinha visto nada, ninguém sabia de nada. Bate a mão no bolso só para conferir, a faca não estava lá. "Tudo bem, devo ter deixado onde dormi. Consigo outra pelo caminho." 
Ela não procurou saber, mas o corpo da criatura nunca foi encontrado e ninguém jamais percebeu sua falta. Talvez ninguém jamais tenha percebido sua presença.

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