quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

O ano do deserto - mais forte que nunca, doutor

Então, doutor. As vezes a vida precisa nos mostrar que pode ser decepcionante mesmo quando não esperamos nada dela.

Ontem meu amigo Preto Velho morreu, doutor.
Hoje eu fui assaltado. Eu tentei correr, mas o cara estava de moto. Felizmente só pegou o celular que a bateria não dura nem um dia, um MP4 todo gambiarrado que a bateria não dura nem um dia, um relógio que as pulseiras já estão totalmente detonadas, e uns trocados.
He he! ele deve ter passado muita raiva quando viu o que tinha roubado!
Aquelas coisas podiam ser porcarias, mas tinham valor para mim, doutor.
Agora fico olhando toda hora para o meu braço para ver as horas mas o relógio. E ainda terei que arrumar um despertador para amanhã cedo.
Sim, amanhã tenho viagem técnica, tenho que estar na empresa às 8 horas.
O pior é não poder caminhar e ouvir minhas músicas do Supertramp.
Está tudo bem ruim por aqui, doutor.
Se o ano continuar assim, eu me questiono se vou sobreviver até o final.
Talvez eu morra amanhã na viagem.
Espero que não, doutor, pois eu estava me adaptando bem ao deserto.

Sim, doutor, meu isolamento está bem forte neste momento. Apesar de que sábado eu tenho boliche com uns amigos do CEFET. Mas é só um evento isolado, doutor. No geral estou me adentrando no deserto cada vez mais.
Meus "sentimentos" estão quase inexistentes.

Bom, doutor, agora tenho que ir, pois, amanhã vou acordar tão cedo que poderia até ser considerado uma violação dos direitos humanos. Até mais, doutor!

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