sábado, 19 de setembro de 2015

Uma estorinha qualquer

E nos limites do universo conhecido pelo robô, existe um monstro gigante chamado Agomi.
Agomi é extremamente poderoso. Ele é capaz de voar e de ter contatos muito profundos e prolongados com a Ave. Logo que viu o robô pela primeira vez, percebeu que ele tinha um forte sentimento de atração por ela.
A Ave é uma criatura encantadora, que ou por grandiosidade, ou talvez por falta de sensibilidade, não odiou o robô assim que o viu pela primeira vez, e até conversava com ele de vez em quando, quando não estava voando.
Agomi apenas achava engraçado, como tal ser tão insignificante pudesse pensar ter o direito de sentir algo pela Ave.

Num certo dia, o robô tentou se catapultar a uma grande altura para tentar alcançar a Ave em pleno vôo, tentou algum contato com a Ave, disse a ela como sentia.
A Ave apenas arrancou-lhe o olho, o deixou cair até o chão e sangrar sozinho por um tempo. Continuou seu voo como se absolutamente nada tivesse acontecido.

O tempo passou, e longe de superar seus sentimentos, o robô voltou a sentir desejo pela Ave.
Foi então que Agomi chegou perto do robô e disse:
 - Este verme insignificante acha que pode se aproximar da minha Ave? Haha! Olhe só para isso, seu verme!
Agomi se aproximou da Ave e os dois se abraçaram ternamente, longamente, um abraço puramente humano, carinhoso. Um sonho tão desejado e impossível para o robô, e ele vê que, para o Agomi, isto é algo cotidiano, que ele pode fazer sempre que quiser.
Agomi se afasta da Ave e diz:
 - Agora, sua barata nojenta e asquerosa! Saia daqui e não volte mais!
E dá um chute, jogando o robô a quilômetros de distância.

Para o robô, o golpe físico nem sequer foi sentido,
Estava anestesiado pela intensidade que aquela visão teve sobre ele.
O robô não possui permissão para ter verdadeiras emoções humanas, mas sentiu o mais próximo que podia de raiva e tristeza extremas.
Chorou o máximo que lhe era permitido.
Voltou caminhando para casa, arrasado.
E escreveu em seu blog sobre seu dia.

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