A chuva cai interminável, implacável, imperdoável.
Sei que estou escrevendo tão pouco. Mas, é porque realmente já estou morto.
A minha vida acabou em algum momento, e só por inércia, eu continuei em movimento.
Aqui estou eu, sentindo pena de mim, no indefinido ponto que está além do fim.
E escrevo.
Hoje fui no lugar onde minha vida acabou.
Me preenchi de melancolia, talvez também um pouco de saudade, nostalgia.
Foi ali que eu vivi por tanto tempo.
Foi ali que eu morri.
Tantos sorrisos, curiosidades, esperanças, vontades, ansiedades.
Tantas lágrimas, erros. desilusões, negações, frustrações.
Aquele ser que eu era, cheio de movimento, cheio de pensamento, que ainda tentou correr por tanto tempo.
Perdeu o chão.
Se perdeu na escuridão.
Morreu em solidão.
Acabou.
E hoje, nem sei o que sou.
Nem sei se sou.
É como estar no absoluto escuro congelado de uma sala de cinema deserta milhares de séculos depois que o filme acabou e toda a vida do universo foi extinta.
É como estar na minha mente.
Hoje, eu saio na chuva, eu caminho, eu falo, eu respiro.
Mas, eu já não estou vivo.
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