segunda-feira, 22 de abril de 2013

O dia de morte

Eu sou realmente o cara mais ingênuo que existe.
Ingênuo tipo "retardado" mesmo no sentido literal, quero dizer: com a mente subdesenvolvida em relação a idade. Ou talvez seja coisa da espécie, aí eu não sei.

Eu deveria saber que se as coisas pareciam que iriam dar certo de alguma forma, ou que tudo tendia para um acontecimento super-legariótico de proporções astronômicas, é porque na verdade algo ruim estaria por vir.

E realmente veio no sábado na hora do almoço. O avô do broto* sofreu uma parada cardíaca na piscina de um clube e morreu.
Sinceramente, se eu pudesse escolher, a minha morte seria como a dele. Quero dizer, ele era feliz, tinha 71 anos, vivia sozinho (com uma cadela de estimação) numa casa confortável, praticava esportes, era um cara realmente muito saudável. A morte dele foi totalmente inesperada. E ele passou seus últimos momentos fazendo algo que adorava fazer. Ainda assim foi algo triste, ele fará falta para toda a família do broto. Eu mesmo não o conhecia pessoalmente mas sei que era um cara legal, e seus parentes e conhecidos sofrem com a sua falta.

Apesar de eu ser ateu e cético em relação a quase tudo sobre superstições e estas coisas, é realmente difícil não pensar que algum ser superior na natureza conspira com grande potência para que eu continue forever alone. E desta vez ela teria usado a morte de alguém bem próximo (e algumas outras coisas que aconteceram nesses dias) para tentar me manter assim. E ela já vem fazendo isto há algum tempo. No passado era fácil, eu era um retardado de nível tão desprezível que a natureza não precisava fazer esforço nenhum. Depois eu comecei a oferecer uma ínfima resistência e ela começou a afastar algumas pessoas (até a algumas centenas de quilômetros) e trazer outras indesejáveis. Agora que eu evoluí um pouquinho mais, ela está tendo que usar trabalho, provas e deveres escolares, condições meteorológicas, horários de ônibus e mais recentemente a morte. Primeiro foi a bisavó e agora foi o avô do broto.

Ainda assim, incrivelmente o broto foi com a gente no cover dos Beatles, depois viemos pra casa e jogamos Xbox. Apesar de todos os esforços da natureza, conseguimos nos divertir bastante e confortar o broto pela perda de seu avô.
É claro, por mais que estejamos bem próximos, nunca vai acontecer qualquer tipo de "interação humana". Mesmo que a natureza ajudasse em todos os aspectos (e ela faz justamente o contrário) eu ainda não teria coragem de utilizar alguma técnica que desse resultado, e tudo daria errado do mesmo jeito. Mas a gente vai evoluindo né. Se algum dia eu chegar a algum lugar, bom. Se não, ainda tenho muitas coisas que poderei fazer sozinho, e muitas coisas que poderei fazer com o broto.

Hora de dormir de novo. Tempo é uma coisa que realmente escorre com grande vazão, principalmente quando o broto está aqui. Este fim de semana passou em um segundo e agora já estou atrasado para dormir enquanto posto sobre tudo isso. Agora o jeito é esperar pelo futuro e ver se tudo vai, como o de costume, convergir em uma grandiosa e monstruosa montanha de merda ou se, pra mudar um pouco as coisas, alguma coisa vai dar certo afinal.

Dedico este post então para o avô do broto, que teve uma vida talvez não longa o suficiente, mas com certeza próspera.

* o broto é um personagem relativamente novo no blog, tem apenas alguns posts aqui mas nunca foi citado diretamente.

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