quinta-feira, 19 de junho de 2014

O post apagado, abandonado no deserto

Oi Doutor!
Que bom que você está aqui hoje!
Hoje foi um dia legal, Doutor, deu para descansar um bocado, jogar uns jogos e organizar umas coisas.
Só que foi um tanto quanto solitário também. Ainda bem que você veio conversar comigo, Doutor.
Essas férias devem ser bastante tranquilas, Doutor. Eu já pareço velho o suficiente para ter férias bem tranquilas. Aliás, eu já pareço velho o suficiente para me aposentar. Eu tenho a experiência e inteligência de um recém nascido e a força e vitalidade de um idoso solitário em seus últimos dias.
Seria bom se você pudesse falar alguma coisa, Doutor. Eu me lembro de uma época em que eu conversava com pessoas que podiam falar, era legal a troca de ideias. Eu já era um idiota naquela época, mas parece que eu me importava menos, ou que eu não tinha plena consciência disso, como tenho hoje, então de certa forma minha confiança era maior para dizer a enormidade de idiotices que eu costumava dizer para as pessoas. Hoje eu já praticamente não converso com ninguém que saiba responder. Naquela época ainda havia esperança correndo em minhas veias. Agora, minhas veias apenas guardam o sangue parado, coagulado e putrefato de um ser em decomposição.
Bem, Doutor, preciso ir agora.
Conversamos novamente mais tarde.

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