domingo, 13 de abril de 2014

Posts antigos no deserto

Doutor, fui ler alguns posts da época em que criei o blog.
Meu blog hoje possui 664 posts (contando com este), sendo que 492 estão publicados e 172 eu simplesmente censurei por serem mais idiotas do que o máximo permitido pelas leis e tratados internacionais.

Aquela época era realmente horrível Doutor! Como foi que eu consegui escapar com vida daquilo?
E os dias de hoje trazem um aspecto ainda mais sombrio daquela época. Ao ler meus posts antigos, é possível sentir a esperança que eu nutria na época, Doutor. Sim, eu tinha esperanças na minha vida pessoal e social. Eu pensava que algum dia, eu seria uma pessoa normal e tudo daria certo.
Mas, neste sentido, quase nada mudou desde aquela época Doutor, e isto é o aspecto ainda mais sombrio que os dias de hoje trazem sobre aqueles tenebrosos dias passados. Talvez, a maior mudança tenha sido justamente o fim de toda a esperança. E ainda dizem que a esperança é a última que morre!

Mas talvez tenha sido a esperança que me fez suportar tudo aquilo. Será que, se eu soubesse onde estou hoje, eu teria conseguido chegar até aqui? Ou eu teria desistido de tudo?
A obsessão fez de mim um cara bem deprimido naquela época, hoje eu consigo suprimir grande parde desta obsessão. Acho que a obsessão teria me derrotado se eu soubesse que continuaria sendo para sempre uma obsessão, e não uma realidade.

Sabe, Doutor, por mais que me dê até um aperto no pâncreas ao ler aqueles posts e saber que tudo que está ali são anseios, vontades e esperanças que nunca foram satisfeitas, fico muito feliz de ter escapado e chegado até aqui. Por mais que muita coisa tenha dado errado, muitas outras coisas deram certo. Apesar de ainda ter algumas recaídas, minha obsessão está ficando cada dia mais escassa, e eu estou encontrando muito sentido em muitas das coisas que eu estou fazendo no momento.

Talvez isto sirva para me dizer que, por mais que as coisas estejam péssimas e quase tudo com certeza vai dar errado no final, ainda vale a pena ter alguma esperança.
É quase como se estivesse no fim de um daqueles filmes onde quase todos os personagens bons morrem, mas o bem ainda consegue vencer.

Então é isto, Doutor! Continuarei trilhando meu caminho pelo deserto, por mais que eu pense que tudo o que eu vou encontrar é areia e solidão. Talvez eu chegue algum dia a algum lugar que hoje eu pense ser horrível, mas que quando eu chegar lá eu consiga enxergar sua beleza e me adaptar, assim como eu fiz com este gigantesco e vazio deserto que hoje eu chamo de meu.

Nenhum comentário: