quarta-feira, 2 de abril de 2014

Blogs zumbis que secam no deserto

I:
Os blogs que eu sigo, em sua grande maioria hoje são zumbis.
Blogs que um dia foram vivos, que as pessoas desabafavam neles, igualmente como eu estou fazendo agora, mas que agora estão abandonados, mortos.
As coisas mudam, as pessoas mudam.
Algo incomodava aquelas pessoas que escreviam blogs, e agora não incomoda mais, ou se tornou irrelevante.
Até nisso me torno solitário, sou o único aqui a escrever também.

II:
O blog "a infinita ausência" é o que mais me choca, chego a ter um arrepio quando penso sobre ele.
Quando eu o encontrei, ele ainda recebia posts, eu li algumas postagens e me vi obrigado a seguir.
A autora escreveu incansavelmente por quase sete anos, desde 2005 até 2012, exclusivamente sobre a pessoa de quem ela gostava mas com quem nunca conseguiu uma chance.
São posts incríveis, realmente muito bonitos e poéticos mas ao mesmo tempo, guardam algo tão triste em sua essência. Cada post cultiva uma esperança de que algo um dia possa acontecer, até que você chega ao fim do blog e se depara de repente com uma "porta que foi fechada por não mais levar a lugar algum".

(pausa)

III:
O "Vôos de uma borboleta roxa..." é o único blog mais pessoal que sigo que ainda recebe posts. Os posts da autora são muito legais, mas são bem raros também.
O blog do Rogério Skylab recebe alguns posts de vez em quando, mas não são tão pessoais.
Eu sinto falta de um blog que seja parecido com o meu.

IV:
Mas, meu blog acabou se tornando uma grande piada, uma metáfora da minha própria condição "inexistencial".
Eu não existo, meu mundo não existe, assim como meu blog e o mundo dos blogs não existe. Ou, se preferir, eu sou o único que ainda existe no meu mundo, assim como meu blog é o único que existe no mundo dos blogs pessoais.

V:
Continuarei procurando, Doutor. Para talvez algum dia encontrar (ou não) as anotações de alguém que esteja em algum lugar, solitário, escrevendo suas próprias desventuras para que ninguém leia.
Continuarei procurando alguma coisa legal e inspiradora para ler no deserto.

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