quarta-feira, 28 de maio de 2014

A ligação - Atualizado

A criancinha que passeava puxou a mão da mãe e perguntou:
- Mamãe, mamãe! porque aquele moço deitado tem uma faca enfiada no pescoço, mamãe?
A mãe olhou para a criança e respondeu rindo:
- Não é nada filhinha! Ele só está esperando uma ligação! Vou pegar aquela pra você brincar e então nós vamos embora!
A mãe então puxou a faca que estava enfiada no pescoço do homem e deu para a filha, que lambeu o sangue coagulado para deixá-la limpa. As duas seguiram para casa onde a menina brincaria com a faca até um dia se tornar uma conhecida e temida atiradora de facas.
O homem - que hoje é entendido seu nome ser algo próximo de um apelido "Dark Pâncreas" para Clark Bankenrs - continuou esperando a ligação por um bom tempo, não se sabe ao certo se ele desistiu ou se finalmente retornaram o telefonema, mas aquele certamente foi um dos dias difíceis para ele.

Transição de popularidade de redes sociais

Estamos passando por mais um daqueles momentos de transição de popularidade entre redes sociais, Doutor. E como sempre acontece, nós não poderíamos deixar de ficar infinitamente atrasados.

Quando o MSN fazia sucesso, a gente só tinha nossos e-mails da bol, Ubbi Free e sei lá mais quantos. As pessoas nos achavam estranhos naquela época por não termos MSN. Até que depois de muito tempo criamos um. E conversamos bastante com humanos utilizando o MSN.
O mesmo aconteceu com o Orkut, depois para o Facebook: o guilherme sempre alguns anos socialmente atrasado.

Agora a moda é o Whatsapp, e no planeta deserto do guilherme, a moda é não ter Whatsapp.
Se quando criamos o perfil do Facebook, ainda havia uma mínima interação social com as outras pessoas, agora não há mais praticamente nada. Ainda vai demorar alguns 6 a 12 meses para o guilherme aderir ao Whatsapp. Desta vez, não só por opção própria, mas por não ter um telefone que rode o aplicativo.

Podemos sim dizer que a culpa de toda a solidão é inteiramente do guilherme, mas temos que confessar que o universo ao redor dele conspira com bastante potência para que ele se isole do resto do mundo.

Vou dormir, Doutor.
Fiz uma péssima prova de Cálculo 5.
Hoje eu estou um tanto quanto chateado, deprimido, solitário, com sono, com preguiça, com vontade de me aposentar, com vontade de pegar um foguete ir para marte e morar lá, com vontade de me desfazer e me dissolver nos gases e ser esmagado pela atmosfera ao entrar em Júpiter.
Enfim, vou dormir, Doutor.

post inútil #512

Oi, Doutor.
Estou apenas caminhando no meu deserto, como sempre.
Não existe ninguém aqui.
Eu fui terrivelmente mal em algumas provas, Doutor.
Meu destaque acadêmico está em xeque.
Mas ainda há as provas reavaliativas.
Vou lutar até o fim, Doutor.
Apesar de ter que lutar também contra o meu próprio desânimo.

Talvez tempos melhores cheguem, Doutor.
Sentimos falta das férias.

Mas é isso aí.
Como diz aquela música:
"Through the fire and the flames we carry on".

quarta-feira, 21 de maio de 2014

O post não escrito

O post que eu não escrevi.
A linha de pensamento que passou pela minha cabeça, e que eu pensei que fosse interessante o suficiente para escrever sobre.
A linha de pensamento perdida, palavras perdidas para sempre.
O post nunca escrito.

domingo, 18 de maio de 2014

post inútil #510

Oi, Doutor.
Não tenho muita coisa pra dizer, só vim aqui pra conversar com alguém mesmo. O deserto estava muito solitário hoje então minha mente ficou um pouco inquieta. Mas já está passando porque já é quase hora de dormir.
Faltam só mais duas semanas para as férias, Doutor. E talvez estas férias nem sejam tão solitárias assim.
As últimas semanas do semestre são lotadas de exercícios, trabalhos e provas. Este fim de semana não me rendeu muito. Talvez minha mente tenha surtado um pouco com a ideia de uma visitante no deserto: mesmo sabendo como estas estórias de "visitantes" sempre acabam, eu não consigo evitar esse tipo de coisa na minha mente. Mas também não foi uma perda total de tempo, consegui terminar um relatório de Eletrônica e começar um trabalho de Circuitos 4.
Bem, Doutor, obrigado por me ouvir. Acho que vou dormir agora. Até breve.

sábado, 17 de maio de 2014

Visitantes no deserto

Doutor, nossos radares vem detectando uma presença no espaço ao redor no nosso planeta há algum tempo. Até hoje, pensávamos que não era nada em especial, mas eis que surge 'A Visitante'.
Não sabemos quais são suas intenções. Por que ela veio até nosso planeta? Quem é ela afinal?

Certamente, a Visitante se enganou quanto ao nosso planeta.
Pelas investigações feitas sobre ela, ela vem do planeta dos humanos normais. Não há muito o que ela possa fazer por aqui.

De qualquer forma, é muito raro aparecer uma visitante do nível dela no nosso planeta deserto, Doutor. Farei o que estiver ao meu alcance para tentar mantê-la aqui e talvez até tentar algum contato com a alienígena.

Vamos ver o que o tempo e a natureza têm a dizer sobre isto.

sábado, 10 de maio de 2014

Forever alone não pode entrar

Não tive coragem de entrar no show, Doutor.
Cheguei na porta do bar, olhei o ambiente.
Tinham tantas pessoas lá.
Eu já fui em shows antes, mas não era tão confinado assim. Para onde eu correria se todas aquelas pessoas decidissem me matar com raios lasers?
Não tive coragem de entrar.
Fiquei do lado de fora um tempo, até cheguei a ouvir a banda se aquecer. Mas eu tive que ir embora, eu tive que sair de lá. Fui para casa.

...

Não me arrependi da minha decisão, Doutor.
Eu realmente tentei. Só de eu ter ido até à porta já superei alguns dos meus limites.
Não era minha culpa eu não poder entrar. Eu sou o forever alone, Doutor.
Eu poderia ligar, chamar todas as pessoas que eu conheço, ninguém iria lá comigo.
Não havia lugar para forever alone naquele show.

...

Eu sou o forever alone.
Não há muito lugar para mim na sociedade.
Eu trago desagrado, frio, escuridão, medo, desesperança, desespero para qualquer pessoa que se aproxime de mim.
Algumas pessoas fingem que está tudo bem quando chegam perto de mim, para tentar não me ofender.
Mas estas são as que mais sofrem com a minha presença, se afogam em minha insalubridade, e precisam mover montanhas para se recuperar do veneno da minha aura.
Eu sou como um buraco negro que extingue toda a luz, o anti-fogo negro que consome tudo o que há de bom e produz o gelo como resultado da combustão.
Eu sou a criatura dos esgotos, o rato mutante.
E assim sendo, foi construído um enorme deserto ao meu redor.

...

Eu sou o forever alone, Doutor.
E isto não vai mudar tão cedo.

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Edarem

Vagando atoa pela internet (enquanto procrastinava alguma coisa muito importante que agora já foi por ralo abaixo) encontrei o vídeo do Edarem em que ele dança a música "Pretty Woman". Só consegui pensar coisas como "Nossa, esse cara sabe como curtir a vida!". Fui correndo procurar mais vídeos no seu canal do YouTube e encontro um vídeo feito por sua esposa: uma homenagem aos 2 anos do falecimento de Edarem.
Isto me deixou realmente abalado, Doutor. Eu fiquei meio sem saber para onde ir.
Aquele homem de cabelos brancos virados para o alto, com um largo sorriso com um dente faltando, pulando ao som de "Pretty Woman", filmando e postando na internet para quem quiser ver. Estava morto há dois anos.
Mas sabe, Doutor, talvez aquele homem teria se arrependido se ele não tivesse feito aquele vídeo.
Ainda que tenha morrido na prisão e talvez até estivesse deprimido por lá, aquele homem pôde, até o último momento, se orgulhar de ter dançado "Pretty Woman" na cara de milhares de pessoas, sem ligar para o que pensariam da sua atitude e de sua aparência.
Espero conseguir receber este momento de reflexão sobre Edarem como uma fonte de inspiração para minhas atitudes.
Especialmente sobre o show cover de Supertramp que haverá esta sexta, Doutor.
Estou realmente com muito medo de ir, pois haverá muitas pessoas lá, pessoas conversando, bebendo, e eu estarei lá, completamente sozinho, Doutor.
Ainda não decidi com certeza, ainda não sei se terei coragem. Mas é extremamente raro encontrar um cover de Supertramp por aí e eu realmente quero estar lá, mesmo que tenha que enfrentar minhas fobias sociais.
O que Edarem faria se estivesse vivo? ele bagunçaria o cabelo ao máximo, abriria totalmente aquele sorriso sem um dente, colocaria uma roupa absurda e dançaria ao som de Supertramp, sem se importar com todas as pessoas em volta! Bem, eu não pretendo dançar, mas forçarei minha coragem: Vou tentar ir neste show, Doutor! E de certa forma, Edarem estará comigo!

domingo, 4 de maio de 2014

O show no deserto

Foi muito legal o show no deserto, Doutor.
Porém, eu estava com minha máscara de invisibilidade, então foi meio solitário andar imperceptível no meio de todos aqueles humanos.
Pessoas desconhecidas conversando entre si, se divertindo. Foi divertido pra mim também, Doutor, de um jeito que é diferente do jeito dos humanos, mas posso dizer que foi divertido.
A banda era realmente muito boa e eu ainda comprei um anel de coco por apenas 500 centavos! e ainda ganhei de brinde um chaveiro de cobre em forma de clave de sol.
Além da banda principal, ainda havia outro grupo tocando Jazz e Blues, realmente muito bom.
O dia hoje estava bonito demais para ter sido tão solitário.
Mas assim é a vida no deserto, Doutor: uma vez que caímos aqui, eu e você apenas temos um ao outro.

sábado, 3 de maio de 2014

O Nosferatu

Um dos seres mais repugnantes da família dos vampiros.
Aparência horrível, cheiro horrível.
Vivem em esgotos, geralmente solitários, não se reúnem muito.
Eu não poderia ter escolhido personagem que me representasse melhor.
Eu sou o perfeito Nosferatu.
E enquanto jogava RPG com aquelas pessoas desconhecidas, eu pude novamente perceber os porquês de eu morar no deserto.
"Cada um tem seu jeito." algumas pessoas dizem.
Mas é bem verdade que existem "jeitos" certos e errados. E o meu "jeito" é o jeito errado.
Não existem pessoas como eu.
Não existe um grupo onde eu me encaixe.
E por mais que eu seja aceito em algum lugar, sempre serei o estranho que deixa as coisas um tanto quanto desconfortáveis.
"Aquele cara é legal, mas eu não o conheço muito bem".
"Acho ele meio estranho, mas não tenho nada contra".
"Ele fala umas coisas meio estranhas. Não converso muito com ele mas parece ser legal".
"Ele gosta de umas músicas estranhas, não é muito parecido com a gente. Mas é legal ter ele por aí."
"Supertramp? eu nunca ouvi falar."

...

"Tudo bem, eu não vou mentir. Eu não conheço aquele cara, e acho que ninguém realmente conhece. Aquele cara é um figurante na vida  de todo mundo. No máximo, ele é um personagem secundário na vida dele mesmo. Ninguém quer parecer chato e mandar ele ir embora, nem mesmo eu quero fazer isto, mas também ninguém vai querer conversar com ele. Eu nem sei o que aquele cara tá fazendo aqui. Ele está estragando nossas fotos. Eu realmente acho que ele deveria ir embora. E aposto como todo mundo aqui pensa o mesmo, apesar do que dizem".
"E quem é aquele cara feio ali atrás entrando na foto?"

...

Mas eu estou indo para o show.
Estou indo sozinho, não há ninguém para ir comigo.
Estou indo para o show.

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Celebremos a solidão, Doutor!

Tomara que amanhã o frio esteja amargando no deserto, Doutor!
Quero sair nas ruas todo vestido de preto.
Celebremos a solidão, Doutor!

Viva o Deserto!

O robô que jogava GTA San Andreas

Acabei de zerar pela SeiLáQuantésima vez o GTA San Andreas, Doutor. Quero dizer, não zerei 100% do jogo, apenas completei as missões da estória, não fiz quase nada de secundário no jogo.

E nesse momento, eu me lembro mim mesmo quando comecei a jogar este jogo tão incrível: um robô, que na época nem sabia que era um robô. O jogo nem rodava no meu PC, eu ia sozinho na Lan House para jogar. Todo mundo jogava Counter Strike, mas desde aquela época, eu já era o total fracasso social que sou hoje, então eu jogava GTA sozinho. No máximo, jogava com meus primos quando ia na casa de um deles que tinha um PC mais potente.

Isto faz realmente muito tempo, Doutor. Naquela época eu ainda tinha cabelo curto, ainda estava no ensino fundamental. O ensino fundamental foi a pior época da minha vida até hoje, especialmente os 4 anos finais, e com certeza eu não sinto nem um pouco de falta daquela época. Nostalgia sobre a minha própria vida é uma raridade na minha mente. Mas ainda assim, se eu tivesse a chance, eu voltaria para aquele tempo, simplesmente para refazer ao contrário cada decisão que eu tomei desde aquela época. Eu faria tudo, TUDO diferente se eu pudesse, Doutor. Não que eu esteja totalmente infeliz hoje, mas certamente algumas coisas poderiam estar melhores.

Mas não há como mudar nem mesmo um segundo do que já passou, Doutor. E pelo que parece, o sentimento inútil de querer mudar o que passou, continuará existindo por um bom tempo, pois eu sou o tipo de cara idiota ao infinito que só descobre certas coisas quando já é tarde demais. Tenho certeza de que, assim como hoje eu me arrependo amargamente da tentativa de humanização que fiz ano passado, nos anos futuros eu vou me arrepender pelo isolamento social no qual eu estou preso atualmente.

Mas assim como eu não sabia o que fazer ano passado (e todos os anos antes disso), Doutor, hoje eu também não sei o que fazer. E eu sei que quando eu descobrir será tarde demais, porque comigo é sempre assim.

Eu já postei esta música dos Bee Gees "I started a joke" várias vezes neste blog. Este é mais um dos momentos em que ela se encaixa perfeitamente:

"I started to cry;
which started the whole world laughing.
Oh, if I'd only seen;
that the joke was on me."

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Idiota no infinito

Naquela época, eu não tinha o cérebro no lugar certo.
Hoje eu nem tenho um cérebro mais.