Não tive coragem de entrar no show, Doutor.
Cheguei na porta do bar, olhei o ambiente.
Tinham tantas pessoas lá.
Eu já fui em shows antes, mas não era tão confinado assim. Para onde eu correria se todas aquelas pessoas decidissem me matar com raios lasers?
Não tive coragem de entrar.
Fiquei do lado de fora um tempo, até cheguei a ouvir a banda se aquecer. Mas eu tive que ir embora, eu tive que sair de lá. Fui para casa.
...
Não me arrependi da minha decisão, Doutor.
Eu realmente tentei. Só de eu ter ido até à porta já superei alguns dos meus limites.
Não era minha culpa eu não poder entrar. Eu sou o forever alone, Doutor.
Eu poderia ligar, chamar todas as pessoas que eu conheço, ninguém iria lá comigo.
Não havia lugar para forever alone naquele show.
...
Eu sou o forever alone.
Não há muito lugar para mim na sociedade.
Eu trago desagrado, frio, escuridão, medo, desesperança, desespero para qualquer pessoa que se aproxime de mim.
Algumas pessoas fingem que está tudo bem quando chegam perto de mim, para tentar não me ofender.
Mas estas são as que mais sofrem com a minha presença, se afogam em minha insalubridade, e precisam mover montanhas para se recuperar do veneno da minha aura.
Eu sou como um buraco negro que extingue toda a luz, o anti-fogo negro que consome tudo o que há de bom e produz o gelo como resultado da combustão.
Eu sou a criatura dos esgotos, o rato mutante.
E assim sendo, foi construído um enorme deserto ao meu redor.
...
Eu sou o forever alone, Doutor.
E isto não vai mudar tão cedo.
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