Foi um ano muito intenso, cheio de extremos, conturbação, limites sendo atingidos (várias vezes ultrapassados, as vezes ampliados).
Alguns limites que eu quero ampliar, outros que eu jamais vou querer chegar perto novamente.
E o que se manteve constante foi a falta de tempo.
No início, por causa do excesso de trabalho, pressão.
Agora, por motivos muito mais recompensadores.
Quando este ano começou, eu tinha apenas duas metas: Recuperar minha saúde mental e sair do meu emprego.
Bem, eu não saí do meu emprego, mas, eu mudei radicalmente a minha forma de lidar com ele e até reduzi bastante a minha carga horária. E se esta mudança for demasiadamente prejudicial, cabe ao meu empregador, e não a mim, decidir. Mesmo que eu esteja recebendo bem menos dinheiro, para mim, esta mudança foi crucial para que fosse possível seguir com a vida. E eu acredito que eu ainda tenha um valor na empresa, e que ainda posso contribuir para o crescimento dela. Quanto à minha área de atuação, acho que ainda é um pouco cedo para dizer com certeza, mas, talvez as coisas que eu tenha passado na faculdade e nos últimos tempos em geral tenham deteriorado as minhas motivações de forma irrecuperável. E para seguir plenamente nesta área, é necessário que esta motivação esteja em perfeito estado. É necessário estar sempre estudando, dedicar muito tempo nisso. E eu já não sou mais capaz de manter esta dedicação, como eu era capaz alguns anos atrás. Agora, eu tenho outras vontades, outras prioridades na vida que entram em conflito com a minha atuação plena na área. Creio que eu ainda possa me manter como estou por algum tempo, mas não muito. Sinto que em breve, vou ter que deixar isto e procurar algo mais simples, ainda que não haja todo este apelo para uma "carreira brilhante", que já deixou de brilhar para mim há muito tempo. Ou, pode ser que, eu apenas não tenha recuperado o suficiente da minha saúde mental e, se algum dia eu chegar lá, eu vou recuperar também a minha plena motivação. Mas, eu já não acredito muito nisso.
A minha saúde mental, do início até o meio do ano, foi só piorando. Eu cheguei a situações críticas, nas quais eu acho que realmente estava correndo um risco. Os últimos semestres da faculdade foram devastadores para mim. Eu sobrevivi, mas acho que não ileso. Não foi algo do qual eu simplesmente me levantei e saí andando. Não. Eu fiquei no chão, e tive que seguir me arrastando para não ser permanentemente sugado para o nada. Não sei de onde tirei forças. Felizmente, quando eu estava a beira do colapso, eu decidi mudar algumas coisas radicalmente. Demonstrei que estava disposto a abandonar o que quer que fosse que não me servisse mais. E isso me abriu a possibilidade de realmente procurar ajuda. Eu pude me empenhar em uma jornada pelo auto conhecimento. E o auto conhecimento parece ser o solo fértil para a realização. Não sei dizer a que ponto estou de uma "cura", ou se isso realmente existe, mas com certeza estou muito melhor do que já estive nos últimos 10 anos. Se hoje me falta tempo, é porque estou muito ocupado em busca das coisas que me definem e que são boas e importantes para mim. Coisas que ficaram abandonadas por muito tempo, mas que ainda não é tarde para descobrí-las. A falta de tempo causa um certo aperto no peito, sim. Mas, a consciência de que este tempo está sendo bem gasto, traz também um alívio. O tempo está correndo, estando nós aproveitando ele ou não.
Enfim, eu comprei um caderno, onde eventualmente eu escrevo algumas coisas. É mais prático escrever lá do que aqui, porque ele já tem uma caneta junto e está sempre à mão, enquanto que para escrever aqui eu tenho que entrar no computador e tudo mais. Mas, aqui eu tenho mais liberdade para escrever bastante. Creio que vou escrever nos dois, talvez não mais com a frequência que eu costumava fazer, mas, vou tentar não abandonar demais este lugar!