quarta-feira, 19 de março de 2014

O deserto no deserto

O tempo meio sombrio, frio e descolorido.
Caminhando há algumas semanas pelo meu planeta deserto, há meses sem ver nenhuma forma de vida, num minuto decido me sentar, e o Doutor aparece e se senta ao meu lado.
É, doutor, a solidão do nosso deserto.
As vezes cansamos de andar sozinhos, então sentamos sozinhos um tempinho, o astral cai um pouco. Ficamos aqui ouvindo apenas o vento do deserto. Nenhuma palavra é dita por vários meses.
Nosso mundo está distante demais do mundo dos humanos para que eles possam nos notar, doutor.
De vez em quando eu fico observando eles pelo meu telescópio. Eles andam em grupos, doutor, parecido com o que a gente faz, mas eles tem uma interatividade muito maior. Não ficam só, um falando e o outro ouvindo, igual eu e você fazemos. E eles tem até contato físico! no nosso caso, como você não existe no mundo físico, você nem deve entender o que é isto, doutor. É claro que, eu também não entendo, pois no mundo dos humanos é como se eu não existisse. Lá eu sou como você, doutor, sou um personagem secundário, mudo, sem forma definida.
Acho que vou aproveitar que paramos neste baixo astral e vou dormir um pouco, doutor. Sei que em breve teremos muito trabalho a fazer e precisaremos nos forçar a manter o ritmo alto novamente.

Nenhum comentário: